terça-feira, 28 de junho de 2011

Aumento salarial dos deputados: um debate mais profundo – Assis da Caixa





Quando fui vereador em Conceição do Coité (2005 a 2008) recusei aumento salarial de 59%. Economizei mais de R$ 100 mil para os cofres públicos, mas, ao contrário do que imaginava, minha atitude não gerou grande repercussão nos meios políticos. E o que é pior, ainda recebi críticas de muita gente boa que achava que ao invés de recusar os privilégios, eu deveria receber o dinheiro e doá-lo a pessoas carentes.

A pergunta mais comum que ouvia era “para onde foi o dinheiro que você recusou?” Respondia que com a minha recusa o dinheiro ficou nos cofres públicos, a disposição dos gestores, no caso o presidente da Câmara de Vereadores e o Prefeito.
Replicavam: “mas aí eles vão desviar…” Eu argumentava estar partindo do pressuposto de que os gestores são honestos e competentes, e que estava fazendo a minha parte e caso ele achasse o contrário mudasse de voto na próxima eleição. Aí vinha a tréplica invariável, reveladora da nossa cultura assistencialista: “Por que você não recebia o dinheiro e doava às pessoas carentes?”

Eu citava Montesquieu, que o papel do vereador é legislar e fiscalizar, que a assistência social é uma das atribuições do poder executivo e então perguntava: como eu poderia aceitar um aumento salarial que só foi dado aos vereadores e a nenhum outro servidor? Como poderia receber uma diária de valor superior ao salário mensal (à época era) da maioria dos funcionários? E, por fim, caso aceitasse o privilégio do aumento salarial de 59% e as diárias de marajás e os distribuísse com os pobres a conseqüência natural disso não seria eu querer salário e diárias cada vez maiores sob o pretexto de que com isso poderia ajudar mais e mais as pessoas carentes?
Apesar desses argumentos, poucas vezes consegui convencer o interlocutor de que a minha atitude moralizadora era a mais correta. Mas nunca me dei por vencido. Continuo acreditando que o falso altruísmo é, no fundo, uma armadilha. É puro clientelismo. O povo precisa cobrar mais decência dos políticos.




Assis é funcionario da Caixa agência Conceição do Coité e preside o PT local

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sobre Política e Aranhas

Estava pensando sobre política. E depois de algumas reflexões, cheguei a conclusão que o "fazer" política é parecido ao processo das aranhas em "fazer" a teia. E depois, pesquisando sobre como as aranhas constroem suas teias percebi que existe um tipo de aranha que caracteriza a política atual: é a viúva-negra. Ela produz um tipo de teia com desenhos irregulares, difíceis de se identificar. Totalmente individualizada. Não se parece geometricamente com uma construção. Exatamente como na política atual. Não estamos constrindo nada para o coletivo. Cada construção da teia política é pensando na projeção política “teiológica” de cada um. Existem algumas raras, raríssimas exceções.
Bem, temos outro tipo bem conhecida, a chamada aranha caranguejeira, produz a teia densa e no chão que serve como esconderijo. Todas tem um objetivo, prender suas presas, morar nelas e ter um ninho nupcial. Há algo na política que passa por esse processo, primeiro você tem um processo de encantamento, enamorarmento, passa a “fazer” a política por ideologia, utopia, sonhos, bem coletivo, lutar pelos menos favorecidos, pela poesia da política, depois alguns começam a morar nessas teias, começam a gostar, percebe que muitos sonhos são irreais nessa empreitada. O que vale mesmo é a negociação, é jogar o jogo que rola, e aí começa a fazer o processo de mumificação das ideologias e tudo o que regia a política ideológica, o bem comum. E passamos para o processo de identificação com os que antes não fazim parte da nossa teia porque temos que fazer parte do processo. Temos que operacionalizar. Então vamos tecer como as viúvas-negras. Traficar influência, negociar postos de trabalhos, favorecer possíveis cabos eleitorais, e muitas ferramentas operacionais que antes não constavam em nosso “modus operandi”.
Por fim, as coitadas das aranhas e suas teias devem estar tristes agora pelo fato da comparação.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pensando sobre as Possíveis Mudanças ( Parte 2, a continuação)

Fazendo algumas leituras sobre as redes sociais, encontrei em Carta Capital, que tem como matéria de capa: “ O mundo nesta rede. As comunidades virtuais vieram para ficar ou são apenas uma nova bolha da internet? ,Tecemos algumas considerações que enriquecem o nosso trabalho principalmente essa discussão.
“As redes sociais estão mudando a forma como as pessoas se comunicam, trabalham e se divertem”. E como essas redes interferem na vida escolar dos nossos estudantes?
Em Davos, no Fórum Social Mundial, em 31 de Janeiro, os organizadores lançaram uma versão piloto de um serviço virtual, seguro, para que os líderes do fórum continuassem a discussão sobre os temas discutidos, criação de links, biografias, e formação de grupos trabalhos. Se essas redes estão sendo usadas por representantes de diversos países, imaginem o que podemos fazer com os nossos estudantes interagindo com elas, com enquetes, debates, fóruns, sobre determinados assuntos que permeiam o ambiente escolar, conteúdos institucionalizados ou não, curriculares ou extracurriculares? Com isso, deixaremos de ser “ escola devagar” para escola ativa, antenada, digital.
Durante a leitura, vários pontos foram surgindo sobre as redes sociais: “ graças a interfaces fáceis de usar e aos controles estritos de privacidade, as redes sociais se transformaram em vastos espaços públicos em que milhões de pessoas agora se sentem confortáveis em usar suas identidades reais on-line”. Deste ponto, chamamos a atenção para a “confiabilidade”, a escola como agente de transformação, obrigatoriamente tem o papel de esclarecer sobre o uso responsável da internet, da exposição pessoal, e principalmente que dados pessoais devem ser evitados em sites não confiáveis.
As redes se tornaram ferramentas para a comunicação de massa, e com isso podemos interagir com outros estudantes de outras escolas, estados, países, numa dimensão muito além dos muros do conhecimento escolar, podemos trocar experiências, dialogar em outra língua, buscar idéias novas e transformadoras. É tão vasto o mundo da internet que não foi totalmente explorado, as redes buscam novas idéias, satisfazer as expectativas dos internautas para que eles permaneçam por muito tempo.
O Facebook é o site mais popular da internet depois do Google. O Orkut é também um site de rede social, muito usado na Índia e no Brasil. Quais os desafios da escola em utilizar esse sites de rede social, lá muitos dos usuários ou a grande maioria, utiliza para o entretenimento, encontrar amigos, bater papos on-line. Então, o que devemos planejar? Como devemos interagir com nossos alunos? Uma das sugestões é fazer uma rede com os próprios alunos da escola, comunidades virtuais, blogs, e fazer um projeto transdisciplinar para que todos possam participar de forma ativa e que todas as disciplinas e professores utilizem essas ferramentas efetivamente. A discussão de como utilizar essas redes tem que passar pelo ambiente escolar, buscando as especificidade de cada escola, o nível de conhecimentos das novas mídias digitais, que nível está a inclusão digital desses alunos. E a partir daí, sair do campo da pesquisa para o planejamento e a prática pedagógica.

Leituras.
Revista Carta Capital. Ano XV, 583 de 17 de fevereiro de 2010. Paginas 25 a 39. Conteúdo de The Economist.

Tecnologia na Educação. Ensinando e Aprendendo com as TICs. 2008. Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI. Brasília.

Pensando sobre as Possíveis Mudanças



A tecnologia oferece aos alunos o que a escola há muito tempo vem dialogando e debatendo com teóricos e professores, a utilização dos conteúdos no cotidiano dos sujeitos. A internet oferece ferramentas que podem ser usadas diariamente pelos estudantes de forma interativa e tendo como agente transformador do processo o próprio sujeito.

Outro ponto importante na entrevista diz respeito a afirmação de que a “escola é devagar”e que precisa mudar para acompanhar o rítimo dos alunos que é conseqüência dos avanços tecnológicos, o acesso ao conhecimento, a democratização da informação. E o ponto de crítico para essa nova postura da escola parte do professor que é a porta de entrada para a mudança.

Um dos pontos chave do texto diz respeito ao uso da linguagem das salas virtuais, e-mails, sms, na sala de aula, nas construções textuais, e a escola não deixará de usar seus textos ordenados,como diz a regra da gramática normativa, porém esse novo modo de interagir dos alunos-internautas deverá ser visto com um olhar crítico, ser tratados com cuidado, como uma forma de comunicação social . E a escola deverá mostrar em qual ambiente deve-se usar os tipos de linguagens, porque “ não existe uma única maneira de falar, existem várias”.

Um outro papel da escola com o advento da internet é o de esclarecer e indicar a melhor postura ao utilizar a rede, mostrar os perigos e exposições. Muitas dúvidas dos alunos com questões polêmicas como sexo, drogas serão pesquisadas e muitos sites não oferecem um diálogo franco e seguro como ocorre com os professores e os próprios familiares dos alunos. Muitos sites levarão nossos alunos para situações adversas, como sites de pornografia entre outros.

As mudanças ocorrerão pelas exigências do mercado, necessidades dos professores em interagirem com esse mundo virtual dos seus alunos e até no uso pessoal, a necessidade da escola, para que não seja engolida pela onda da tecnologia da informação. Por fim , é inadiável o uso das mídias digitais na escola bem como a adequação do currículo escolar para o processo de aprendizagem dos nosso alunos. O currículo escolar deve ultrapassar os conteúdos programáticos, institucionalizados, as disciplinas estanques e dialogar com os conteúdos atuais, as demandas sociais e a utilização dos recursos digitais.